
Em Brasília medida provisória que compensava o aumento do IOF não foi votada
O dólar iniciou a sessão desta quinta-feira (9) em queda. Por volta das 9h25, a moeda americana recuava 0,32%, cotada a R$ 5,3274. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, abre às 10h.
Em meio a expectativas econômicas e decisões políticas relevantes, investidores e analistas acompanham de perto os desdobramentos no Brasil e no exterior. Aqui, o foco está na divulgação da inflação de setembro e nas movimentações do Congresso. Já no exterior, os olhos se voltam para os discursos do Fed e os desdobramentos no Oriente Médio.
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▶️ O IBGE divulgou o IPCA de setembro, que registrou alta de 0,48% no mês e de 5,17% em 12 meses. Apesar da aceleração, os números vieram um pouco abaixo das projeções do mercado, que esperava 0,52% para o mês e 5,22% no acumulado anual.
▶️ Ontem, a Câmara dos Deputados deixou caducar a MP 1.303, alternativa ao IOF, gerando uma derrota ao governo Lula. A medida era considerada essencial pela equipe econômica. O impacto da decisão pode chegar a R$ 46,5 bilhões até 2026, sendo R$ 31,5 bilhões de frustração de receitas e R$ 15 bilhões de cortes que também perderam validade.
▶️ Nos EUA, o presidente do Fed, Jerome Powell, e a dirigente Michelle Bowman fazem discursos sobre economia e política monetária, em meio à escassez de dados oficiais causada pelo “shutdown”.
▶️ Também repercute o início de um plano de cessar-fogo entre Israel e Hamas, que reduz os riscos ao fornecimento global de petróleo. O Brent recuava 0,33%, cotado a US$ 66,02 por barril.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,15%;
Acumulado do mês: +0,41%;
Acumulado do ano: -13,52%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -1,43%;
Acumulado do mês: -2,80%;
Acumulado do ano: +18,18%.
Inflação no Brasil
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, subiu 0,48% em setembro, segundo o IBGE. Apesar de ser a maior alta mensal desde março (0,56%), o número veio abaixo da expectativa do mercado, que projetava avanço de 0,52%.
Em 12 meses, o índice acumulado chegou a 5,17%, também abaixo da previsão dos economistas, que esperavam 5,22%. No acumulado de 2025, a inflação já soma 3,64%.
➡️ O principal fator para esse aumento foi a energia elétrica residencial. Após cair 4,21% em agosto, a tarifa subiu 10,31% em setembro, devido ao fim do Bônus de Itaipu, creditado nas contas dos meses anteriores. Esse item representou o maior impacto individual (0,41 p.p.) na taxa de setembro.
Veja o resultado dos grupos do IPCA em setembro
Três dos nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram queda:
📉 Alimentação e Bebidas: -0,26%
📉 Artigos de residência: -0,40%
📉 Comunicação: -0,17%
Em setembro, seis dos grupos pesquisados tiveram alta:
📈 Habitação: 2,97%
📈 Vestuário: 0,63%
📈 Transportes: 0,01%
📈 Saúde e cuidados pessoais: 0,17%
📈 Despesas pessoais: 0,51%
📈 Educação: 0,07%
MP do IOF
A Câmara dos Deputados impôs uma derrota ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira (8), ao deixar perder a validade a medida provisória que aumentava tributos e previa impulsionar a arrecadação.
▶️ A MP nem chegou a ser votada no mérito (conteúdo) da proposta. Antes mesmo disso, a maioria dos deputados — capitaneados por partidos de Centrão — aprovou a retirada do texto da pauta da Câmara. O placar foi de 251 a 193.
▶️ Essa era a arrecadação prevista com a MP. O governo busca superávit em suas contas no ano que vem, marcado por eleições presidenciais.
Agora, o governo terá de correr atrás agora para fechar um rombo acima de R$ 30 bilhões no orçamento do ano que vem. Nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo trabalha com alternativas para substituir a MP.
Haddad explicou que as alternativas serão apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que será o responsável pelas decisões. Ele acrescentou que vai se reunir com Lula assim que for chamado.
“Geralmente, quando nós vamos fazer ao presidente da República, nós vamos com várias alternativas, com vários cenários, até pra dar a ele graus de liberdade para que ele possa sopesar as alternativas e avaliar a conveniência e a oportunidade de quaisquer delas. Nós temos tempo, nós vamos usar esse tempo para avaliar com muito cuidado cada alternativa”, afirmou o ministro Haddad a jornalistas.
▶️ Esse não é foi primeiro revés do governo no Legislativo com a tentativa de elevar de impostos. No fim de junho, o Congresso derrubou o aumento do IOF, imposto sobre várias operações financeiras, que só foi retomado parcialmente por conta de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Questionado por jornalistas se a área econômica vai insistir no aumento de impostos, diante dos resultados desfavoráveis recentes no Legislativo, Haddad não respondeu.
Ata do Fed
As autoridades do Federal Reserve concordaram, em sua recente reunião de política monetária, que os riscos para o mercado de trabalho dos EUA haviam aumentado o suficiente para justificar um corte na taxa de juros.
No entanto, muitos continuaram cautelosos em relação à inflação alta em meio a um debate sobre o quanto os custos atuais dos empréstimos estavam pesando sobre a economia, mostrou a ata da reunião de 16 e 17 de setembro divulgada nesta quarta-feira.
“A maioria dos participantes observou que era apropriado mudar a taxa básica em direção a uma configuração mais neutra, porque eles julgaram que os riscos de baixa para o emprego haviam aumentado”, disse a ata.
O documento capturou a discussão emergente entre autoridades do Fed mais preocupadas com a proteção do mercado de trabalho e relativamente despreocupadas agora com a inflação — incluindo o novo diretor Stephen Miran — e aqueles que veem sinais de que a inflação permanece persistentemente acima da meta de 2% do banco central dos EUA.
No entanto, ao mesmo tempo, “a maioria dos participantes enfatizou os riscos de alta em suas perspectivas para a inflação, apontando para leituras de inflação que se afastam ainda mais de 2%, incerteza contínua sobre os efeitos das tarifas” e outros fatores, segundo a ata.
EUA em paralisação pelo 8º dia
A paralisação do governo dos Estados Unidos chegou ao oitavo dia nesta quarta-feira (8), com o presidente Donald Trump ameaçando não pagar os salários atrasados dos funcionários públicos afastados durante esse período.
A declaração aumentou a pressão sobre os democratas no Senado para que encontrem uma solução para o impasse, além de levantar dúvidas legais sobre as ações da Casa Branca.
O Senado deve votar pela sexta vez, ainda hoje, propostas para retomar o funcionamento do governo, após não realizar votações na terça-feira.
Até agora, dois projetos — um apoiado pelos democratas e outro pelos republicanos — não conseguiram os 60 votos necessários para serem aprovados.
Trump também afirmou que pode demitir servidores e cortar programas públicos se a paralisação continuar. Questionado sobre o pagamento retroativo, ele respondeu: “Depende de quem estamos falando”.
E completou: “Na maioria dos casos, vamos cuidar do nosso pessoal. Mas há algumas pessoas que realmente não merecem ser cuidadas, e vamos lidar com elas de outra forma.”
A Casa Branca tem reforçao que milhares de pessoas poderiam ser demitidas se a paralisação persistir.
A paralisação já suspendeu pesquisas, divulgação de dados econômicos e o funcionamento de vários serviços.
Cerca de 2 milhões de servidores estão sem pagamento, e uma paralisação prolongada pode afetar viagens, distribuição de alimentos e até o funcionamento dos tribunais.
Bolsas globais
Em Wall Street, os mercados americanos subiram, com investidores animados por cortes nos juros após a ata do banco central dos EUA.
Como o governo está paralisado, dados importantes como o relatório de empregos não foram divulgados, o que aumenta a expectativa em torno dos documentos e discursos oficiais.
O índice S&P 500 subiu 0,60%, aos 6.754,83 pontos, e o Nasdaq registrou alta de 1,12%, aos 23.043,38 pontos — superando a marca de 23 mil pontos pela primeira vez. O Dow Jones permaneceu estável.
As ações europeias atingiram máxima recorde nesta quarta-feira, impulsionadas por fortes ganhos nos mercados francês e espanhol, enquanto as siderúrgicas avançaram depois que a União Europeia revelou planos para reduzir as tarifas de importação de aço.
A incerteza política da França continuou no centro das atenções, já que o primeiro-ministro interino Sebastien Lecornu adotou um tom cautelosamente otimista, sugerindo que um acordo orçamentário pode ser alcançado até o final do ano — potencialmente evitando uma eleição antecipada.
Com isso, os principais índices da região fecharam em alta: o STOXX 600 subiu 0,8%, o DAX da Alemanha subiu 0,87%, o FTSE 100 do Reino Unido ganhou 0,69%, o CAC 40 da França sobiu 1,07% e o FTSE MIB da Itália teve valorização de 0,96%.
Na Ásia, os mercados fecharam em queda, com destaque para Hong Kong, onde as ações de tecnologia puxaram os índices para baixo. O movimento ocorre em um dia de poucos negócios, já que os mercados da China continental ainda estão fechados por conta do feriado do Dia Nacional.
O Hang Seng de Hong Kong caiu 0,48%, o Nikkei de Tóquio recuou 0,45%, o Taiex de Taiwan teve baixa de 0,54%, o Straits Times de Cingapura caiu 0,36% e o S&P/ASX 200 de Sydney perdeu 0,10%.
Os índices SSEC e CSI300 da China, além do Kospi da Coreia do Sul, permaneceram fechados.
Dólar
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