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Basílica do Bonfim e Santa Dulce fazem da Cidade Baixa um ímã do turismo religioso

Basílica do Senhor do Bonfim –

Entre igrejas históricas, grandes festas religiosas e novos roteiros para soteropolitanos e turistas, a Cidade Baixa é um prato cheio para os interessados no turismo religioso. A mistura entre a tradição local e investimentos recentes em tours e caminhos para que a região fique mais atrativa tem feito com que a área ganhe ainda mais importância para a economia turística do estado.

Com a Basílica do Nosso Senhor do Bonfim, no Bonfim, a Basílica Nossa Senhora da Conceição da Praia, no Comércio, junto com templos mais recentes como o Santuário Santa Dulce dos Pobres, no Largo de Roma, a Cidade Baixa conta ainda com inúmeros outros marcos.

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A ampla variedade de opções faz com que o secretário de turismo do estado da Bahia, Maurício Bacelar, trate o espaço como um território santo para o turismo religioso.

“Podemos chamar essa região como um território santo, por conta das igrejas centenárias, passando pelas igrejas contemporâneas, além disso é uma região que foi visitada por três santos. São João Paulo II, Santa Madre Teresa de Calcutá e Santa Dulce dos Pobres. Esse conjunto é um ímã em atração de peregrinos e nós temos trabalhado essa vertente do turismo religioso católico na Cidade Baixa para aumentar a permanência dos turistas aqui”, comenta.

Exemplo disso foi a vinda à Salvador do Cardeal Dom Américo Aguiar, Bispo de Setúbal, Portugal, que é a origem da imagem de Senhor do Bonfim, que celebrou 280 anos na Bahia neste ano. O titular da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur) comenta que a participação da equipe nas feiras católicas de turismo para divulgar o estado tem gerado maior movimentação na Cidade Baixa.

Esse é o caso da professora infantil, Cecilia Maria Correa, 53, que é católica e veio do sul de Minas Gerais para conhecer a Bahia – e principalmente suas igrejas. A turista não escondeu o encanto ao ver a Basílica do Senhor do Bonfim.

“É muito diferente das igrejas que temos em Minas. Temos igreja com 150 anos e chegamos aqui e vemos uma com 280. É algo muito diferente das nossas. Ficamos encantados. Sempre que viajo vou atrás de uma igreja”, conta Cecilia.

Essa é a segunda igreja que ela visita na Bahia e relata pretender dar uma passadinha no Santuário de Santa Dulce.

Caminho da fé

Outra iniciativa para aumentar o movimento na área foi a criação do Caminho da Fé, que é um percurso que liga o Santuário de Santa Dulce com a Basílica do Senhor do Bonfim.

A rota criada em 2020 é composta por totens explicativos sobre a história da Santa e a devoção ao Senhor do Bonfim, porém em abril deste ano 22 das 28 peças foram vandalizadas e roubadas.

A coordenadora arquidiocesana da Pastoral do Turismo de Salvador (Pastur), Hosana de Oliveira, ressalta a necessidade de fiscalização no local.

A Fundação Gregório de Mattos (FGM) informou em nota que já realizou visitas técnicas ao local e trabalha com o desenvolvimento de estratégias para aumentar a segurança e evitar novos atos de vandalismo. O órgão já entrou em contato com a empresa do artista Juarez Paraíso – responsável pelas obras – para a recuperação e reposição das artes. A previsão de conclusão do serviço é até o fim do ano.

Caridade e fé

A Cidade Baixa também é parte importante do roteiro turístico Caridade e Fé, que passa por cinco igrejas das quais três estão localizadas na região (Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, Santuário de Santa Dulce e Basílica do Senhor do Bonfim).

Ao longo da experiência a pessoa aprende sobre a construção das igrejas, suas curiosidades e pode viver experiências de fé como levar a imagem de Cristo crucificado até o altar na Basílica do Senhor do Bonfim.

O tour realizado por agências de viagens costuma ser mais buscado durante a alta estação, mas mesmo durante a baixa a experiência é buscada principalmente por idosos, de acordo com Hosana de Oliveira. Ela ressalta a importância desse movimento turístico para as comunidades envolvidas.

“O turismo religioso ajuda a promover as comunidades, tira elas da invisibilidade, respeitando seu espaço”, pontua.

Lavagem do Bonfim

Entre os marcos turísticos e religiosos da Cidade Baixa não dá pra não falar da Lavagem do Bonfim, comemorada na segunda quinta-feira do ano, a celebração reúne milhares de fiéis, inclusive turistas de todo o mundo.

A saída dos cortejos começa na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no Comércio, e segue até a Colina Sagrada, no Bonfim. O percurso de cerca de 8km é feito também pelo cortejo das baianas que ao chegarem ao destino lavam a escadaria da Basílica do Senhor do Bonfim.

O historiador Murilo Mello explica que a origem da festa está ligada à necessidade prática de limpar o adro e a escadaria da igreja para os dias de celebração.

“O Bonfim era um lugar muito afastado do centro da cidade, se chegava mais de barco do que por via terrestre, que era difícil por ser um território pantanoso e alagado. Então, funcionários e pessoas escravizadas iam até o local levando água de cheiro, folhas de laranjeira e sal para a limpeza, preparando o espaço para o grande dia, que era o domingo”, conta.

Com o passar do tempo, o gesto de limpeza se transformou em um ritual de fé e tradição. Para Murilo, o verdadeiro caráter sagrado da festa vem do povo.

“Quem dá religiosidade às coisas é o povo. Apesar de o Senhor do Bonfim não ser o padroeiro de Salvador e de a irmandade que fundou o templo ter sido elitizada, a população abraçou o Bonfim e se identificou com ele. A devoção cresceu, e o lugar passou a ser associado à cura e aos milagres, atraindo fiéis de dentro e fora da Bahia”, afirma o historiador.

Entre marcos turísticos históricos e novos investimentos, a Cidade Baixa ganha cada vez mais importância turística.

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