
Trabalhadores vivem comprimidos em cubículos de até 9 m² –
Em Hong Kong, uma das cidades mais densas e caras do planeta, o direito à moradia virou um desafio de sobrevivência. Em meio aos arranha-céus luxuosos, milhares de pessoas vivem em espaços tão pequenos que mal permitem se esticar. São os chamados “apartamentos-caixão”, símbolo de uma crise imobiliária que escancara a desigualdade urbana.
Enquanto arranha-céus de luxo dominam o horizonte, milhares de trabalhadores vivem comprimidos em cubículos de até nove metros quadrados, pagando valores que ultrapassam R$ 1.400 mensais. Esse valor é equivalente ao aluguel de um apartamento médio em cidades brasileiras de porte médio.
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Viver em um espaço onde mal cabe um corpo
Miss Lee, uma das moradoras desses microapartamentos, divide o espaço com sua cachorrinha, Bibi, e pilhas de sacolas e objetos pessoais. “Morar aqui é devastador. Sinto falta da minha casa. Quero voltar ao tempo em que havia espaço para respirar”, desabafa, em entrevista ao Fantástico.
Sem janela, com um banheiro minúsculo e, às vezes, uma cozinha compartilhada, o ambiente é sufocante. Ainda assim, é a única alternativa possível para milhares de moradores que não conseguem pagar por moradias maiores.
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Outro residente, Gam-Tin Ma, define a convivência nesses locais como uma mistura de isolamento e necessidade: “Somos só pessoas aleatórias no mesmo lugar. Não queremos ser inimigos, mas também não há espaço para amizade.”
O contraste entre o luxo e a sobrevivência
Enquanto parte da cidade é dominada por condomínios de luxo e arranha-céus com vistas panorâmicas, a outra face de Hong Kong revela um colapso social silencioso. De acordo com especialistas, o problema decorre da combinação entre especulação imobiliária, baixos salários e alta concentração de propriedade nas mãos de poucos investidores.
Trabalhadores vivem comprimidos em cubículos de até 9 m²
A professora Betty Xiao Wang, da Universidade de Hong Kong, alerta que a crise atinge proporções inéditas.
“Há moradores de rua em Londres, Nova York. Aqui, eles estão basicamente alojados nas casas-caixão. Se o governo proibisse completamente essas moradias, para onde iriam?”, questiona.
O sonho de um espaço digno
Entre os moradores, o sonho é simples: um banheiro funcional, uma pequena cozinha e espaço suficiente para colocar uma cadeira ao lado da cama. Mr. Tang, que vive em um cômodo de apenas nove metros quadrados, resume a aspiração de muitos.
“Quero um banheiro onde eu possa entrar de frente. Uma mesa, uma cadeira. Um pouco de dignidade”, conta.
Uma metrópole sufocada
Hong Kong abriga mais de 7 milhões de pessoas em uma área menor que a da cidade de São Paulo. O resultado é uma das maiores pressões imobiliárias do planeta e uma das piores crises de moradia do século XXI.
Mesmo assim, para milhares de pessoas, viver em um apartamento-caixão ainda é melhor do que dormir nas ruas.
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